PARA REFLETIR (Datas comemorativas)...
Como
podemos "matar" uma data tão importante quanto a lembrança da
importância dos primeiros habitantes do Brasil, para priorizarmos a data
da Páscoa ainda mais a maioria de forma errônea e pejorativa?
A
maioria das escolas de educação infantil nestes ultimos dias optaram
por "matar" o Dia do ìndio e priorizar os coelhos. Sim, os coelhos e não
a Páscoa. Eu mesma acabei entrando na dança, afinal trabalhamos num
sistema e este tipo de postura ainda está muito enraizado em muitas de
nossas escolas.
A
Páscoa não é menos importante que o Índio, a questão é que a maioria de
nós educadoras nos perdemos entre orelhas e coelhos e esquecemos a
essência da data que prega o partilhar tão prezado por nós no contexto
escolar. Algumas colegas pecam um pouco mais achando que aprofundar o
tema da Páscoa é trabalhar com mini apostilas com musica de coelho,
comida de coelho, overdose de coelho. Quero deixar claro que não tenho
nada contra os coelhos, só acho que nossas crianças não são como nós que
antigamente nos contentávamos em pintar um desenho esteriotipado de
alguma data comemorativa específica. Eles merecem mais, merecem
informações e como educadores do século XXI temos este compromisso com
eles. Não podemos trabalhar com estas datas como nossos professores
trabalharam conosco. Pensem... repensem... reflitam suas práticas.
Também
já fiz muito isso e faço parte de uma escola, de uma rede e sei como é
difícil desvincular de posturas que estão conosco a tanto tempo, mas
está na hora de pensarmos que todos nossos atos geram aprendizagem,
portanto: que tipo de aprendizagem está por traz do ato de overdose de
coelhos e finalização com o ovo de chocolate? Não sou totalmente contra,
mas acho que acabamos reproduzindo a visão comercial que está atrelado
a Páscoa. Será que isso não é o oposto do que pregamos quando elencamos
como principal função da escola formar cidadãos conscientes?
Para
quem não esqueceu da importância do Índio e pensa como eu que não é
apenas em um dia que vamos esgotar sua importância cultural, ainda dá
tempo de recuperar. Aí vão algumas dicas:
- O que (não) fazer no Dia do Índio:
Na data em homenagem aos primeiros habitantes do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir a sala de aula. Saiba como evitá-los e confira algumas propostas de especialistas de quais conteúdos trabalhar.
Mais sobre Educação Indígena:
O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril no Brasil para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus direitos, em um encontro marcante.
Por ocasião da data, é comum encontrar nas escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. "O índigena trabalhado em sala de aula hoje é, muitas vezes, aquele indígena de 1500 e parece que ele só se mantém índio se permanecer daquele modo. É preciso mostrar que o índio é contemporâneo e tem os mesmos direitos que muitos de nós, 'brancos'", diz a coordenadora de Educação Indígena no Acre, Maria do Socorro de Oliveira.
Saiba o que fazer e o que não fazer no Dia do Índio:
1. Não use o Dia do Índio para mitificar a figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares ou pintá-las.
Faça uma discussão sobre a cultura indígena usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos indígenas. "Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver na sociedade contemporânea", explica a antropóloga Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental.
2. Não reproduza preconceitos em sala de aula, mostrando o indígena como um ser à parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais selvagens.
Mostre aos alunos que os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes.
3. Não represente o índio com uma gravura de livro, ou um tupinambá do século 14.
Sempre recorra a exemplos reais e explique qual é a etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique que o Brasil tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Não se prenda a uma etnia. Fale, por exemplo, dos Ashinkas, que têm ligação com o império Inca; dos povos não-contatados e dos Pankararu, que vivem na Zona Sul de São Paulo.
4. Não faça do 19 de abril o único dia do índio na escola
A Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no currículo escolar brasileiro. Por que não incluir no planejamento de História, de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura indígena, ao longo do ano todo? Procure material de referência e elabore aulas que proponham uma discussão sobre cultura indígena ou sobre elementos que a emprestou à nossa vida, seja na língua, na alimentação, na arte ou na medicina.
5. Não tente reproduzir as casas e aldeias de maneira simplificada, com maquetes de ocas
"Oca" é uma palavra tupi, que não se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. Prefira mostrar fotos ou vídeos.
6. Não utilize a figura do índio só para discussões sobre como o homem branco influencia suas vidas.
Debata sobre o que podemos aprender com esses povos. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as sociedades indígenas?
Dicas para ampliar com os pequeninos:
Podemos ainda familiarizar as crianças sobre a cultura indígena e até mesmo de outros povos, trabalhando questões que lhe são do interesse delas como as brincadeiras, os brinquedos, os hábitos, as canções, etc. E isso pode ser inserido no dia-a-dia deles ao longo do ano: a cada semana pesquisar e praticar a brincadeira de um povo, de uma região, de um país..., aprender a fazer brinquedos nas aulas de arte, buscar canções e comparar com as nossas, etc, etc. Aí vai da criatividade do professor.
O mais importante para os pequeninos é perceberem a pluralidade cultural a qual pertencemos, aprender que há pessoas diferentes e que devemos respeitá-las.
Texto baseado em: opiniões pessoais e Blog da escola Turma da Ivone:
http://turmadaivonne.blogspot.com/2011/04/educacao-indigena.html
Para pensar mais sobre datas comemorativas:
http://turmadaivonne.blogspot.com/2010/05/dias-da-maes.html
http://educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/datas-comemorativas.htm
PARA REFLETIR (Datas comemorativas)...
Como
podemos "matar" uma data tão importante quanto a lembrança da
importância dos primeiros habitantes do Brasil, para priorizarmos a data
da Páscoa ainda mais a maioria de forma errônea e pejorativa?
A
maioria das escolas de educação infantil nestes ultimos dias optaram
por "matar" o Dia do ìndio e priorizar os coelhos. Sim, os coelhos e não
a Páscoa. Eu mesma acabei entrando na dança, afinal trabalhamos num
sistema e este tipo de postura ainda está muito enraizado em muitas de
nossas escolas.
A
Páscoa não é menos importante que o Índio, a questão é que a maioria de
nós educadoras nos perdemos entre orelhas e coelhos e esquecemos a
essência da data que prega o partilhar tão prezado por nós no contexto
escolar. Algumas colegas pecam um pouco mais achando que aprofundar o
tema da Páscoa é trabalhar com mini apostilas com musica de coelho,
comida de coelho, overdose de coelho. Quero deixar claro que não tenho
nada contra os coelhos, só acho que nossas crianças não são como nós que
antigamente nos contentávamos em pintar um desenho esteriotipado de
alguma data comemorativa específica. Eles merecem mais, merecem
informações e como educadores do século XXI temos este compromisso com
eles. Não podemos trabalhar com estas datas como nossos professores
trabalharam conosco. Pensem... repensem... reflitam suas práticas.
Também
já fiz muito isso e faço parte de uma escola, de uma rede e sei como é
difícil desvincular de posturas que estão conosco a tanto tempo, mas
está na hora de pensarmos que todos nossos atos geram aprendizagem,
portanto: que tipo de aprendizagem está por traz do ato de overdose de
coelhos e finalização com o ovo de chocolate? Não sou totalmente contra,
mas acho que acabamos reproduzindo a visão comercial que está atrelado
a Páscoa. Será que isso não é o oposto do que pregamos quando elencamos
como principal função da escola formar cidadãos conscientes?
Para
quem não esqueceu da importância do Índio e pensa como eu que não é
apenas em um dia que vamos esgotar sua importância cultural, ainda dá
tempo de recuperar. Aí vão algumas dicas:
- O que (não) fazer no Dia do Índio:
Na data em homenagem aos primeiros habitantes do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir a sala de aula. Saiba como evitá-los e confira algumas propostas de especialistas de quais conteúdos trabalhar.
Mais sobre Educação Indígena:
O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril no Brasil para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus direitos, em um encontro marcante.
Por ocasião da data, é comum encontrar nas escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. "O índigena trabalhado em sala de aula hoje é, muitas vezes, aquele indígena de 1500 e parece que ele só se mantém índio se permanecer daquele modo. É preciso mostrar que o índio é contemporâneo e tem os mesmos direitos que muitos de nós, 'brancos'", diz a coordenadora de Educação Indígena no Acre, Maria do Socorro de Oliveira.
Saiba o que fazer e o que não fazer no Dia do Índio:
1. Não use o Dia do Índio para mitificar a figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares ou pintá-las.
Faça uma discussão sobre a cultura indígena usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos indígenas. "Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver na sociedade contemporânea", explica a antropóloga Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental.
2. Não reproduza preconceitos em sala de aula, mostrando o indígena como um ser à parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais selvagens.
Mostre aos alunos que os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes.
3. Não represente o índio com uma gravura de livro, ou um tupinambá do século 14.
Sempre recorra a exemplos reais e explique qual é a etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique que o Brasil tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Não se prenda a uma etnia. Fale, por exemplo, dos Ashinkas, que têm ligação com o império Inca; dos povos não-contatados e dos Pankararu, que vivem na Zona Sul de São Paulo.
4. Não faça do 19 de abril o único dia do índio na escola
A Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no currículo escolar brasileiro. Por que não incluir no planejamento de História, de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura indígena, ao longo do ano todo? Procure material de referência e elabore aulas que proponham uma discussão sobre cultura indígena ou sobre elementos que a emprestou à nossa vida, seja na língua, na alimentação, na arte ou na medicina.
5. Não tente reproduzir as casas e aldeias de maneira simplificada, com maquetes de ocas
"Oca" é uma palavra tupi, que não se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. Prefira mostrar fotos ou vídeos.
6. Não utilize a figura do índio só para discussões sobre como o homem branco influencia suas vidas.
Debata sobre o que podemos aprender com esses povos. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as sociedades indígenas?
Dicas para ampliar com os pequeninos:
Podemos ainda familiarizar as crianças sobre a cultura indígena e até mesmo de outros povos, trabalhando questões que lhe são do interesse delas como as brincadeiras, os brinquedos, os hábitos, as canções, etc. E isso pode ser inserido no dia-a-dia deles ao longo do ano: a cada semana pesquisar e praticar a brincadeira de um povo, de uma região, de um país..., aprender a fazer brinquedos nas aulas de arte, buscar canções e comparar com as nossas, etc, etc. Aí vai da criatividade do professor.
O mais importante para os pequeninos é perceberem a pluralidade cultural a qual pertencemos, aprender que há pessoas diferentes e que devemos respeitá-las.
Texto baseado em: opiniões pessoais e Blog da escola Turma da Ivone:
http://turmadaivonne.blogspot.com/2011/04/educacao-indigena.html
Para pensar mais sobre datas comemorativas:
http://turmadaivonne.blogspot.com/2010/05/dias-da-maes.html
http://educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/datas-comemorativas.htm
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