Oito valores importantes para seu filho se tornar um adulto melhor

Os pais podem ajudar as crianças a desenvolver habilidades emocionais fundamentais para seu futuro

O filósofo John Locke já dizia que nossa mente quando nascemos é como uma folha em branco, que será preenchida ao longo da vida. Por isso, é na infância que podemos consolidar melhor valores que durarão a vida inteira e até podem facilitar a vida do seu filho. "No começo da vida a pessoa está em pleno desenvolvimento, e assimila tudo com mais rapidez do que o adulto, que já está mais sedimentado", considera a psicopedagoga Julia Milani.

E qual a melhor forma de ensinar algo tão abstrato e ao mesmo tempo tão concreto para os pequenos? Ações e palavras devem estar unidos nesse esforço: "Como as crianças aprendem principalmente através dos modelos e da observação das figuras mais representativas (geralmente os pais), de nada adianta passar e cobrar verbalmente certos valores e se comportar de forma diferente na presença da criança", explica a psicóloga Janaína Reis, com experiência em psicologia infantil. Da mesma forma como a fala sem exemplo é confusa, o gesto puro e sem uma explicação pode demorar mais tempo para ser assimilado.

Cada valor, porém, tem uma forma diferente de ser exercitado, que pode inclusive nos surpreender. Separamos alguns deles e perguntamos às especialistas de que forma os pais podem incentivá-los em seus filhos. Confira a seguir:

Autoconfiança e autoestima

A diferença entre esses dois valores é de referencial: "Autoestima é algo mais interno, está ligada a gostar de si mesmo, já a autoconfiança é como você se mostra para o mundo, no caso da criança, como ela consegue se impor e se sente a vontade", diferencia a psicopedagoga Julia Milani, da Assessoria Educacional Terceiro Passo. Ambos são importantes, pois podem determinar como a criança se relacionará consigo mesma e com os outros. Em ambos os casos, é preciso que os pais deem à criança uma visão realista de si mesma, mostrando suas qualidades, mas não a alçando a categoria da perfeição, ou ela se tornará mais frágil para o mundo, ao descobrir que não é assim. "É preciso ter diálogo com o filho, mostrando o que ele tem de positivo e o que ele precisa desenvolver, mas não apontar essas características como erros, lembrando que uma criança tem todas as habilidades dentro de si e só precisa desenvolvê-las", comenta a especialista.

Tolerância

Além de saber como se posicionar com o outro, a criança também precisará lidar com outras pessoas, e para isso também deve aceitar as diferenças, ou seja, ser tolerante. Mas como ela poderá ser isso se os pais também não o são? Os exemplos dados pelos adultos podem ser pequenos, porém muito eficazes. "Tudo depende da fala do adulto, que pode ser incongruente quando, por exemplo, ele diz que é preciso respeitar as diferenças, só que não tolera torcedores de um time de futebol rival, xingando e sendo ofensivo nessas situações" compara Julia. O mesmo vale para questões mais sérias, como diferenças de religiões ou orientação sexual. Cabe aos pais não serem preconceituosos e explicarem aos filhos como existe uma diversidade de opiniões, frisando sempre qual é a da família.

Humildade e alteridade

Sabendo tolerar, o próximo passo é justamente ter humildade para saber que não é melhor do que os outros, e ter alteridade, que é saber se colocar no lugar deles. O maior exemplo aqui também é a atitude. "Os pais podem transmitir esses valores através de comportamentos simples do dia a dia", acredita a psicóloga Janaína. Ela enumera ações como: cumprimentar as pessoas, ajudar o próximo com doações ou trabalho voluntário, devolver o troco errado a mais... Além disso, mostrar à criança a importância da reciprocidade, como ressalta Julia Milani, ensinando que você precisa tratar os outros como quer ser tratado, e colocar isso em prática.

Persistência

Um estudo realizado com 400 crianças nos Estados Unidos, publicado no jornal Child Development em 2007 demonstrou que elogiar uma criança como esforçada é melhor do que chamá-la de inteligente. Isso porque, entre as crianças pesquisadas, as que recebiam o primeiro tipo de elogio tinham mais disposição para realizarem atividades mais desafiadoras, enquanto as outras acabavam desistindo.
"Isso ocorre porque a inteligência é vista como algo inato, um dom, e para isso você não precisa se esforçar muito", pondera a pedagoga Julia. Ou seja, dizer que a criança é esforçada e salientar isso como algo positivo estimula a persistência! Outras atitudes dos pais também podem ressaltar esse valor, como não dar tudo que a criança quer no momento em que ela demanda, incentivando que ela conquiste esse objetivo de alguma forma, seja com a argumentação ou na execução de alguma tarefa.

Paciência

Apesar de muitas vezes a impaciência parecer mais um traço da personalidade, ela pode ser exercitada. Por isso, os exercícios para tornar a criança persistente também a ajudam a ser mais paciente. "É importante ensinar para as crianças que algumas coisas dependem das atitudes delas e que outras tem um tempo próprio e mostrar para os filhos que as pessoas precisam respeitar os seus ritmos bem como os dos outros", orienta a psicóloga Janaína.
Algumas atividades que podem ajudar no cultivo desse valor é ter uma hortinha em casa, exemplifica a especialista. Dessa forma, ela verá que não adianta apenas colocar a semente na terra, é preciso esperar o tempo natural de crescimento da planta. Além disso, vale lembrar que nem toda criança tem noção correta de tempo e isso se desenvolve mesmo aos sete anos: "a partir dessa fase, é importante ser honesto com a criança sobre quanto tempo as situações podem demorar e não dizer apenas 'daqui a pouco'", alerta a pedagoga Julia.

Autonomia

Outra habilidade importante para a criança é saber se virar sozinha, afinal ela não poderá contar com ajuda dos outros para sempre. E a melhor forma de fazer isso é justamente dando a ela autonomia, mesmo que aos poucos. "Uma boa ideia é desenvolver atividades que possam ser realizadas pelas crianças, como por exemplo, escolher a própria roupa, arrumar a própria cama, ajudar nos cuidados com o bichinho de estimação ou preparar o próprio material escolar", lista Janaína Reis, com experiência em psicologia infantil.
E o ideal é justamente não intervir nisso, refazendo a arrumação que o filho já fez, por exemplo. "No lugar de refazer a atividade, seria interessante que os pais buscassem elogiar o esforço por parte da criança e pouco a pouco sugerir algumas melhorias nessa tarefa, afinal o objetivo maior é desenvolver a autonomia da criança e não a perfeição no cumprimento da atividade", pondera a especialista. "Situações como estar diante de muitas pessoas ou fazer uma tarefa difícil exigem, a todos nós, segurança e confiança em nossa capacidade de realização", considera a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, pós-doutora em Psicologia Social (UERJ) e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da PUC-RJ. Assim você se torna capaz de manter uma boa imagem de si mesmo, mesmo quando o cenário ao redor não reafirma isso.

Lidar com frustrações

Saber, porém, que nada é perfeito, é fundamental na educação de qualquer criança, e isso inclui saber lidar com os "nãos" que a vida pode dar. "Para o desenvolvimento da personalidade como um todo, é importante que a criança aprenda a lidar com frustrações, pois com o crescimento é inevitável que ela se depare com isso, e o pequeno conseguirá lidar melhor com isso tendo desenvolvido recursos na primeira infância", explica Janaína. Para isso, os pais precisam entender que eles não precisam resolver todos os problemas do filho, e se mostrarem presentes e compreensivos com a criança e seus sentimentos já é suficiente, para que ela possa lidar com isso.

Saber se comunicar

O exemplo dos pais também é fundamental quando falamos em comunicação, afinal não é só as palavras que a criança aprende com eles, mas também a forma como ela fala. "Se no ambiente familiar ela não vivenciar diálogos com os pais ou se esses diálogos sempre acontecem de forma agressiva ou hostil, e criança aprenderá que aquele é o modelo de comunicação ideal", explica Janaína. Por isso que é importante que os pais tenham diálogos com seus filhos, e se interessem por eles. Só assim também eles poderão transmitir outros valores importantes para as crianças, como a honestidade, a ética e o respeito, além de demonstrar também verbalmente o amor e companheirismo fundamentais para essa relação.






Os pais podem ajudar as crianças a desenvolver habilidades emocionais fundamentais para seu futuro

O filósofo John Locke já dizia que nossa mente quando nascemos é como uma folha em branco, que será preenchida ao longo da vida. Por isso, é na infância que podemos consolidar melhor valores que durarão a vida inteira e até podem facilitar a vida do seu filho. "No começo da vida a pessoa está em pleno desenvolvimento, e assimila tudo com mais rapidez do que o adulto, que já está mais sedimentado", considera a psicopedagoga Julia Milani.

E qual a melhor forma de ensinar algo tão abstrato e ao mesmo tempo tão concreto para os pequenos? Ações e palavras devem estar unidos nesse esforço: "Como as crianças aprendem principalmente através dos modelos e da observação das figuras mais representativas (geralmente os pais), de nada adianta passar e cobrar verbalmente certos valores e se comportar de forma diferente na presença da criança", explica a psicóloga Janaína Reis, com experiência em psicologia infantil. Da mesma forma como a fala sem exemplo é confusa, o gesto puro e sem uma explicação pode demorar mais tempo para ser assimilado.

Cada valor, porém, tem uma forma diferente de ser exercitado, que pode inclusive nos surpreender. Separamos alguns deles e perguntamos às especialistas de que forma os pais podem incentivá-los em seus filhos. Confira a seguir:

Autoconfiança e autoestima

A diferença entre esses dois valores é de referencial: "Autoestima é algo mais interno, está ligada a gostar de si mesmo, já a autoconfiança é como você se mostra para o mundo, no caso da criança, como ela consegue se impor e se sente a vontade", diferencia a psicopedagoga Julia Milani, da Assessoria Educacional Terceiro Passo. Ambos são importantes, pois podem determinar como a criança se relacionará consigo mesma e com os outros. Em ambos os casos, é preciso que os pais deem à criança uma visão realista de si mesma, mostrando suas qualidades, mas não a alçando a categoria da perfeição, ou ela se tornará mais frágil para o mundo, ao descobrir que não é assim. "É preciso ter diálogo com o filho, mostrando o que ele tem de positivo e o que ele precisa desenvolver, mas não apontar essas características como erros, lembrando que uma criança tem todas as habilidades dentro de si e só precisa desenvolvê-las", comenta a especialista.

Tolerância

Além de saber como se posicionar com o outro, a criança também precisará lidar com outras pessoas, e para isso também deve aceitar as diferenças, ou seja, ser tolerante. Mas como ela poderá ser isso se os pais também não o são? Os exemplos dados pelos adultos podem ser pequenos, porém muito eficazes. "Tudo depende da fala do adulto, que pode ser incongruente quando, por exemplo, ele diz que é preciso respeitar as diferenças, só que não tolera torcedores de um time de futebol rival, xingando e sendo ofensivo nessas situações" compara Julia. O mesmo vale para questões mais sérias, como diferenças de religiões ou orientação sexual. Cabe aos pais não serem preconceituosos e explicarem aos filhos como existe uma diversidade de opiniões, frisando sempre qual é a da família.

Humildade e alteridade

Sabendo tolerar, o próximo passo é justamente ter humildade para saber que não é melhor do que os outros, e ter alteridade, que é saber se colocar no lugar deles. O maior exemplo aqui também é a atitude. "Os pais podem transmitir esses valores através de comportamentos simples do dia a dia", acredita a psicóloga Janaína. Ela enumera ações como: cumprimentar as pessoas, ajudar o próximo com doações ou trabalho voluntário, devolver o troco errado a mais... Além disso, mostrar à criança a importância da reciprocidade, como ressalta Julia Milani, ensinando que você precisa tratar os outros como quer ser tratado, e colocar isso em prática.

Persistência

Um estudo realizado com 400 crianças nos Estados Unidos, publicado no jornal Child Development em 2007 demonstrou que elogiar uma criança como esforçada é melhor do que chamá-la de inteligente. Isso porque, entre as crianças pesquisadas, as que recebiam o primeiro tipo de elogio tinham mais disposição para realizarem atividades mais desafiadoras, enquanto as outras acabavam desistindo.
"Isso ocorre porque a inteligência é vista como algo inato, um dom, e para isso você não precisa se esforçar muito", pondera a pedagoga Julia. Ou seja, dizer que a criança é esforçada e salientar isso como algo positivo estimula a persistência! Outras atitudes dos pais também podem ressaltar esse valor, como não dar tudo que a criança quer no momento em que ela demanda, incentivando que ela conquiste esse objetivo de alguma forma, seja com a argumentação ou na execução de alguma tarefa.

Paciência

Apesar de muitas vezes a impaciência parecer mais um traço da personalidade, ela pode ser exercitada. Por isso, os exercícios para tornar a criança persistente também a ajudam a ser mais paciente. "É importante ensinar para as crianças que algumas coisas dependem das atitudes delas e que outras tem um tempo próprio e mostrar para os filhos que as pessoas precisam respeitar os seus ritmos bem como os dos outros", orienta a psicóloga Janaína.
Algumas atividades que podem ajudar no cultivo desse valor é ter uma hortinha em casa, exemplifica a especialista. Dessa forma, ela verá que não adianta apenas colocar a semente na terra, é preciso esperar o tempo natural de crescimento da planta. Além disso, vale lembrar que nem toda criança tem noção correta de tempo e isso se desenvolve mesmo aos sete anos: "a partir dessa fase, é importante ser honesto com a criança sobre quanto tempo as situações podem demorar e não dizer apenas 'daqui a pouco'", alerta a pedagoga Julia.

Autonomia

Outra habilidade importante para a criança é saber se virar sozinha, afinal ela não poderá contar com ajuda dos outros para sempre. E a melhor forma de fazer isso é justamente dando a ela autonomia, mesmo que aos poucos. "Uma boa ideia é desenvolver atividades que possam ser realizadas pelas crianças, como por exemplo, escolher a própria roupa, arrumar a própria cama, ajudar nos cuidados com o bichinho de estimação ou preparar o próprio material escolar", lista Janaína Reis, com experiência em psicologia infantil.
E o ideal é justamente não intervir nisso, refazendo a arrumação que o filho já fez, por exemplo. "No lugar de refazer a atividade, seria interessante que os pais buscassem elogiar o esforço por parte da criança e pouco a pouco sugerir algumas melhorias nessa tarefa, afinal o objetivo maior é desenvolver a autonomia da criança e não a perfeição no cumprimento da atividade", pondera a especialista. "Situações como estar diante de muitas pessoas ou fazer uma tarefa difícil exigem, a todos nós, segurança e confiança em nossa capacidade de realização", considera a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, pós-doutora em Psicologia Social (UERJ) e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da PUC-RJ. Assim você se torna capaz de manter uma boa imagem de si mesmo, mesmo quando o cenário ao redor não reafirma isso.

Lidar com frustrações

Saber, porém, que nada é perfeito, é fundamental na educação de qualquer criança, e isso inclui saber lidar com os "nãos" que a vida pode dar. "Para o desenvolvimento da personalidade como um todo, é importante que a criança aprenda a lidar com frustrações, pois com o crescimento é inevitável que ela se depare com isso, e o pequeno conseguirá lidar melhor com isso tendo desenvolvido recursos na primeira infância", explica Janaína. Para isso, os pais precisam entender que eles não precisam resolver todos os problemas do filho, e se mostrarem presentes e compreensivos com a criança e seus sentimentos já é suficiente, para que ela possa lidar com isso.

Saber se comunicar

O exemplo dos pais também é fundamental quando falamos em comunicação, afinal não é só as palavras que a criança aprende com eles, mas também a forma como ela fala. "Se no ambiente familiar ela não vivenciar diálogos com os pais ou se esses diálogos sempre acontecem de forma agressiva ou hostil, e criança aprenderá que aquele é o modelo de comunicação ideal", explica Janaína. Por isso que é importante que os pais tenham diálogos com seus filhos, e se interessem por eles. Só assim também eles poderão transmitir outros valores importantes para as crianças, como a honestidade, a ética e o respeito, além de demonstrar também verbalmente o amor e companheirismo fundamentais para essa relação.







Nenhum comentário:

Postar um comentário