Abortada
pela Coroa portuguesa em 1789, a Inconfidência Mineira ou Conjuração
Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista , na então
capitania de Minas Gerais, contra a execução da derrama e o domínio
português.
Tiradentes
Os Impostos
A Coroa portuguesa intensificou o seu controle fiscal sobre a sua
colônia na América do Sul, na segunda metade do século XVIII, proibindo,
em 1785, as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando
severamente os produtos vindos da Metrópole.
Fora nomeado para governador da capitania de Minas Gerais, desde 1783,
D. Luís da Cunha Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência.
Somando-se a isto, desde o meado do século as jazidas de ouro em Minas
Gerais começavam a se esgotar, fato não compreendido pela Coroa, que
instituiu a cobrança da "Derrama" na região, uma taxação compulsória em
que a população deveria completar a cota imposta por lei de 100 arrobas
de ouro (1.500 quilogramas) anuais quando esta não era atingida.
A Inconfidência
Tais fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada de Minas
Gerais (proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares) que,
descontentes, começaram a se reunir para conspirar.
Entre os descontentes, destacavam-se os poetas Cláudio Manuel da Costa e
Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Francisco
Antônio de Oliveira Lopes, os padres José da Silva e Oliveira Rolim e
Carlos Corrêa de Toledo, o cônego Luís Vieira da Silva, o sargento-mor
Luís Vaz de Toledo Pisa, o minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto e o
alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de "Tiradentes".
A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa das Minas Gerais e
estabelecendo ali um país livre. Não havia a intenção de libertar toda a
colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda
não havia se formado.
A forma de governo escolhida foi o estabelecimento de uma República,
inspirados pelas ideias iluministas da França e da recente independência
norte-americana. Destaque-se que não havia uma intenção clara de
libertar os escravos, já que muitos dos participantes do movimento eram
detentores dessa mão-de-obra.
As reuniões aconteciam nas casas de Cláudio Manuel da Costa e de Tomás
Antônio Gonzaga, entre outros locais, onde se discutiram os planos e as
leis para a nova ordem, tendo sido desenhada a bandeira da nova
República – uma bandeira branca com um triângulo e a expressão latina
Libertas Quæ Sera Tamen - , cujo dístico foi aproveitado de parte de um
verso da primeira égloga de Virgílio e que os poetas inconfidentes
interpretaram como "liberdade ainda que tardia".
O governador da capitania de Minas Gerais, Luís António Furtado de
Castro do Rio de Mendonça e Faro, Visconde de Barbacena, estava
determinado a lançar a derrama, razão pela qual os conspiradores
acertaram que a revolução deveria irromper no dia em que fosse decretado
o lançamento da mesma. Esperavam que nesse momento, como apoio do povo
descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse vitorioso.
A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução Francesa. O
movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia
para obter perdão de suas dívidas com a Coroa.
O Visconde de Barbacena mandou abrir em junho de 1789 a sua Devassa com
base nas denúncias de Silvério dos Reis, nas de Basílio de Brito,
Malheiro do Lago, Inácio Correia Pamplona, tenente-coronel Francisco de
Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos
de Abreu Vieira e de Domingos Vidal de Barbosa Laje.
Os réus foram sentenciados pelo crime de "lesa-majestade", definida, pelas Ordenações Afonsinas, como "traição contra o rei":
"Lesa-majestade significa: traição cometida contra a pessoa do Rei, ou
seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos
Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como
esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e
empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam,
pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição
condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem,
posto que não tenham culpa."
Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio de Janeiro
onde responderam pelo crime de lesa-majestade, materializado em
inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados.
Cláudio Manuel da Costa faleceu na prisão, ainda em Vila Rica (hoje Ouro
Preto), onde acredita-se que tenha sido assassinado, suspeitando-se,
atualmente, que a mando do próprio Governador. Durante o inquérito
judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade de chefia
do movimento.
Em 18 de Abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro. Doze dos
inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em audiência no dia
seguinte, foi lido decreto de D. Maria I pelo qual todos, à exceção de
Tiradentes, tiveram a pena comutada para degredo em colônias portuguesas
na África.
Tiradentes
Conjurado de mais baixa condição social, Tiradentes foi o único
condenado à morte por enforcamento, sendo a sentença executada
publicamente a 21 de abril de 1792 no Campo da Lampadosa.
Em seguida, o corpo foi levado em uma carreta do Exército para a Casa do
Trem (hoje parte do Museu Histórico Nacional), onde foi esquartejado. O
tronco do corpo foi entregue à Santa Casa de Misericórdia, sendo
enterrado como indigente. A cabeça e os quatro pedaços do corpo foram
salgados, para não apodrecerem rapidamente, acondicionados em sacos de
couro e enviados para as Minas Gerais, sendo pregados em pontos do
Caminho Novo onde Tiradentes pregou suas idéias revolucionárias.
A cabeça foi exposta em Vila Rica (atual Ouro Preto), no alto de um
poste defronte à sede do governo. O castigo era exemplar, a fim de
dissuadir qualquer outra tentativa de questionamento do poder da
metrópole.
Foi alçado posteriormente, pela República Brasileira, à condição de um dos maiores mártires da independência do Brasil.
Bandeira da Inconfidência Mineira
Consequências
- A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de
resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os
gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas.
- A Bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada pelo estado de Minas Gerais.
Créditos: https://www.portalescolar.net/
Abortada
pela Coroa portuguesa em 1789, a Inconfidência Mineira ou Conjuração
Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista , na então
capitania de Minas Gerais, contra a execução da derrama e o domínio
português.
Tiradentes
Os Impostos
A Coroa portuguesa intensificou o seu controle fiscal sobre a sua
colônia na América do Sul, na segunda metade do século XVIII, proibindo,
em 1785, as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando
severamente os produtos vindos da Metrópole.
Fora nomeado para governador da capitania de Minas Gerais, desde 1783,
D. Luís da Cunha Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência.
Somando-se a isto, desde o meado do século as jazidas de ouro em Minas
Gerais começavam a se esgotar, fato não compreendido pela Coroa, que
instituiu a cobrança da "Derrama" na região, uma taxação compulsória em
que a população deveria completar a cota imposta por lei de 100 arrobas
de ouro (1.500 quilogramas) anuais quando esta não era atingida.
A Inconfidência
Tais fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada de Minas
Gerais (proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares) que,
descontentes, começaram a se reunir para conspirar.
Entre os descontentes, destacavam-se os poetas Cláudio Manuel da Costa e
Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Francisco
Antônio de Oliveira Lopes, os padres José da Silva e Oliveira Rolim e
Carlos Corrêa de Toledo, o cônego Luís Vieira da Silva, o sargento-mor
Luís Vaz de Toledo Pisa, o minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto e o
alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de "Tiradentes".
A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa das Minas Gerais e
estabelecendo ali um país livre. Não havia a intenção de libertar toda a
colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda
não havia se formado.
A forma de governo escolhida foi o estabelecimento de uma República,
inspirados pelas ideias iluministas da França e da recente independência
norte-americana. Destaque-se que não havia uma intenção clara de
libertar os escravos, já que muitos dos participantes do movimento eram
detentores dessa mão-de-obra.
As reuniões aconteciam nas casas de Cláudio Manuel da Costa e de Tomás
Antônio Gonzaga, entre outros locais, onde se discutiram os planos e as
leis para a nova ordem, tendo sido desenhada a bandeira da nova
República – uma bandeira branca com um triângulo e a expressão latina
Libertas Quæ Sera Tamen - , cujo dístico foi aproveitado de parte de um
verso da primeira égloga de Virgílio e que os poetas inconfidentes
interpretaram como "liberdade ainda que tardia".
O governador da capitania de Minas Gerais, Luís António Furtado de
Castro do Rio de Mendonça e Faro, Visconde de Barbacena, estava
determinado a lançar a derrama, razão pela qual os conspiradores
acertaram que a revolução deveria irromper no dia em que fosse decretado
o lançamento da mesma. Esperavam que nesse momento, como apoio do povo
descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse vitorioso.
A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução Francesa. O
movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia
para obter perdão de suas dívidas com a Coroa.
O Visconde de Barbacena mandou abrir em junho de 1789 a sua Devassa com
base nas denúncias de Silvério dos Reis, nas de Basílio de Brito,
Malheiro do Lago, Inácio Correia Pamplona, tenente-coronel Francisco de
Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos
de Abreu Vieira e de Domingos Vidal de Barbosa Laje.
Os réus foram sentenciados pelo crime de "lesa-majestade", definida, pelas Ordenações Afonsinas, como "traição contra o rei":
"Lesa-majestade significa: traição cometida contra a pessoa do Rei, ou
seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos
Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como
esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e
empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam,
pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição
condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem,
posto que não tenham culpa."
Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio de Janeiro
onde responderam pelo crime de lesa-majestade, materializado em
inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados.
Cláudio Manuel da Costa faleceu na prisão, ainda em Vila Rica (hoje Ouro
Preto), onde acredita-se que tenha sido assassinado, suspeitando-se,
atualmente, que a mando do próprio Governador. Durante o inquérito
judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade de chefia
do movimento.
Em 18 de Abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro. Doze dos
inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em audiência no dia
seguinte, foi lido decreto de D. Maria I pelo qual todos, à exceção de
Tiradentes, tiveram a pena comutada para degredo em colônias portuguesas
na África.
Tiradentes
Conjurado de mais baixa condição social, Tiradentes foi o único
condenado à morte por enforcamento, sendo a sentença executada
publicamente a 21 de abril de 1792 no Campo da Lampadosa.
Em seguida, o corpo foi levado em uma carreta do Exército para a Casa do
Trem (hoje parte do Museu Histórico Nacional), onde foi esquartejado. O
tronco do corpo foi entregue à Santa Casa de Misericórdia, sendo
enterrado como indigente. A cabeça e os quatro pedaços do corpo foram
salgados, para não apodrecerem rapidamente, acondicionados em sacos de
couro e enviados para as Minas Gerais, sendo pregados em pontos do
Caminho Novo onde Tiradentes pregou suas idéias revolucionárias.
A cabeça foi exposta em Vila Rica (atual Ouro Preto), no alto de um
poste defronte à sede do governo. O castigo era exemplar, a fim de
dissuadir qualquer outra tentativa de questionamento do poder da
metrópole.
Foi alçado posteriormente, pela República Brasileira, à condição de um dos maiores mártires da independência do Brasil.
Bandeira da Inconfidência Mineira
Consequências
- A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de
resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os
gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas.
- A Bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada pelo estado de Minas Gerais.
Créditos: https://www.portalescolar.net/
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