No processo de aquisição da leitura e escrita, a criança passa por quatro fases ou níveis:
Fase Pré-Silábica
A fase pré-silábica é dividida em três níveis ou momentos:
Pictórica
A criança registra garatujas, desenhos sem figuração e, mais tarde, desenhos com figuração. Normalmente, a criança que vive em um ambiente urbano, com estimulação linguística e disponibilidade de material gráfico (papel e lápis) começa a rabiscar e experimentar símbolos muito cedo (por volta dos dois anos). Muitas vezes, ela já usa a linearidade, mostrando uma consciência sobre as características da escrita.
Grafismo Primitivo
A criança registra símbolos e pseudoletras, misturadas com letras e números. Já demonstra linearidade e utiliza o que conhece do meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos, pedaços de letras). Nesse momento, há um questionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta muito ao adulto sobre a representação que vê em sua comunidade.
Pré-Silábica Propriamente Dita
Nessa fase, a criança começa a distinguir letras de números, desenhos ou símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que as letras servem para escrever, mas não sabe como isso ocorre.
Fase Silábica
Quando a criança chega ao nível silábico, sente-se confiante porque descobre que pode escrever com lógica. Ela conta os “pedaços sonoros”, isto é, as sílabas, e coloca um símbolo (letras) para cada pedaço (sílaba). Essa noção de que cada silaba corresponde a uma letra pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
Fase Silábica Alfabética
Nesse nível, a criança está a um passo da escrita alfabética. Ao
professor cabe o trabalho de refletir com ela sobre o sistema
linguístico a partir da observação da escrita alfabética e da
reconstrução do código.
É o momento em que o valor sonoro torna-se imperioso e a criança começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba.
Quando a criança reconstrói o sistema linguístico e compreende a sua
organização, ela transpõe a porta do mundo e das coisas escritas,
conseguindo ler e expressar graficamente o que pensa ou fala.
Nesse momento, a criança escreve foneticamente (faz a relação entre som e
letra), mas não ortograficamente. O desafio agora é caminhar em direção
à convencionalidade, em direção à correção ortográfica e gramatical.
O texto abaixo está fundamentado no livro:
A Psicogênese da Língua Escrita,
de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.
ANÁLISE DA PSICOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA- EMÍLIA FERREIRO E ANA TABEROSKY
Emília Ferreiro se tornou
uma espécie de referência para o ensino brasileiro, e seu nome passou a
ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas
descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na
investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento
pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emília
Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos
mecanismos cognitivos relacionados á leitura e á escrita.
De acordo com as teorias
de Emília Ferreiro, a leitura e escrita estabelece uma relação entre a
evolução da escrita e a proposta, onde o carácter de suas investigações é
psicológico e não pedagógico. O seu enfoque é a explicação de como se
aprende a ler e escrever, e não é a criação de um método de
alfabetização, tarefa especifica do educador. No seu ponto de vista a
criança, quando chega a escola, já possui um notável conhecimento de sua
língua materna. Vive no mundo de escrita e pensa sobre o processo da
escrita. O Processo de aquisição da linguagem escrita precede e excede
os limites escolares. Portanto a evolução das concepções dos alunos
sobre a escrita trata - se da construção e não da qualidade do grafismo,
nesta fase as ideias são representadas por desenhos. Os estudos
psicogenéticos da aquisição da leitura e escrita realizada por Emília
Ferreiro desafiam ainda repensar os princípios pedagógicos e a rever as
concepções de conhecimentos ensinos e aprendizagem. Tendo assim uma
proposta de inovação na alfabetização. Esses estudos podem ajudar a
compreender melhor os níveis do conhecimento da escrita e leitura do
sujeito não escolarizado, ou não alfabetizados e ampliar os recursos
metodológicos que os ajudem a avançar no processo de construção do
sistema escrito, superando os conflitos cognitivos próprios das
hipóteses criadas em cada um desses níveis. O conhecimento que o sujeito
tem da leitura e da escrita não equivale ao conhecimento convencional,
pois possuem hipóteses originais não ensinadas pelos adultos ou
professores. O sujeito procura ativamente compreender a natureza da
escrita á sua volta e também aprende através de suas ações afetivas e
mentais sobre o sujeito escrita, ou seja, o aluno evolui construindo e
reformando suas hipóteses.
A autora afirma que a
aprendizagem não é um processo meramente perceptivo, mas construtivo, e
aprender não é apenas adquirir hábitos, é transformar o que vai
conhecer. E que o aluno tem a sua maneira própria de aprender, como
também constrói o seu próprio conhecimento. E é na escola que frequenta
normalmente que as crianças passam pelos estágios propostos por Emília
Ferreiro, é nesse período que a criança começa estabelecer vinculações
entre a pronuncia e a escrita, o que representa um passo extremamente
significativo no processo de alfabetização. Porém, essa vinculação é de
imediato adequado. Ela passa por etapas que constituem os níveis
silábicos e alfabéticos, até alcançar o ortográfico, isto é, quando a
criança compreende que as diferenças das representações escritas se
relacionam com as diferenças na parte sonora das palavras que
permanecem, a questão de descobrir que espécies de recorte da palavra
pronunciada são o que correspondem aos elementos da palavra escrita. A
escrita na representação baseia-se em uma construção mental que cria
suas próprias regras, escrever não é transformar o que se ouve em
gráficos, assim como ler não equivale a produzir com a boca o que o olho
reconhece visualmente, segundo Emília Ferreiro; o sistema de escrita
tem uma estrutura lógica, no caso do sistema alfabético a criança deve
compreender entre outras coisas. A escrita (grafema) e o som pronunciado
(fonema) que não a nenhuma relação entre a forma da palavra escrita e
as características físicas do elemento da realidade nomeada por ela, que
palavras com o mesmo significado não são escritas da mesma forma, que
elementos essenciais da oralidade, como a entonação, não são registrados
na escrita. Esse conjunto de relação não é simplesmente aprendido pela
criança, mas construindo é reinventando por ela.
Nas relações que mantém
com a escrita no ambiente que vive, a criança elabora e testa hipótese a
cerca da lógica do seu funcionamento. Ela assimila a escrita
interpretando-a de acordo com os conhecimentos e modos de pensar que já
desenvolveu e organizou no decorrer de sua experiência de vida,
produzindo, escritas e leituras não compatíveis com a escrita
convencional.
A criança não faz uma
diferenciação entre o sistema de representação do desenho (pictográfico)
e o sistema de representação escrita (alfabética) supondo que embora as
formas insignificantes sejam diferentes, o significado de ambos é o
mesmo, a primeira indicação explicita da distinção entre imagem e texto,
consiste em eliminar os artigos, quando se faz referência á imagem
(desenho).
Exemplificando: o elefante
deve escrever com mais letras do que um mosquito, é uma concepção
realística da palavra, ou seja, a de que coisas grandes tem nomes
grandes e coisas pequenas tem nomes pequenos, também o seu pensamento
pode evoluir quando suas escritas não são decodificadas como o esperado
por pessoas que sabem ler. No qual o sistema da escrita é uma construção
social e histórica. Por isso o sistema de codificação esta ultrapassada
já que existem sons, por exemplo, que jamais serão escritas; assim como
há letras que jamais serão pronunciadas.
Para as autoras, todas as
crianças independentes de sua nacionalidade, passam em seu processo de
construção da escrita pelas mesmas etapas que o homem passou quando
“descobriu” a escrita. De uma forma geral, refazem a mesma trajetória
que a humanidade percorreu no surgimento da escrita, ou seja, passam
pela fase correspondente á escrita pictográfica (forma mais antiga,
usada pelo homem para representar só os objetos que podiam ser desenhado
), á escrita Ideográfica ( consistia no uso de um sinal ou marca para
representar uma palavra ou conceito ) e escrita Logográfica (
constituída de desenhos, referente ao nome e dos objetos- som- e não ao
objeto em si).
Segundo FERREIRO (2001a), a
psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, pois propõe que
seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita,
uma vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para o um adulto
alfabetizado por método apresentado das partes para o todo, assim não
são para as crianças. Portanto, essa é a única forma para o adulto e
mais especialmente, o professor possa compreender como ocorre o processo
de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude de as
posturas tradicionais de ensino, gerando práticas de alfabetização
democrática. É de suma importância a mudança nessa concepção sobre a
escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho
conceitual.
A escrita foi transformada
pela escola de objeto social em objeto escolar, pois se considera
proprietária desse objeto de grande importância social. Com isso, a
escrita foi reduzida a um instrumento para evoluir na escola, para
passar de ano. Essa posição precisa ser repensada, pois a escrita só é
importante na escola por ser fora dela. Sendo que no passado os
educadores achavam que só aprendia a ler memorizando letras, sons e
palavras tornando a aprendizagem da escrita como algo perceptivelmente
mecânico. A escrita era percebida como transcrição gráfica da linguagem
oral (codificação), e enquanto que a leitura, como associação de
respostas sonoras a estímulos gráficos, transformação da escrita em som
(decodificação).
O grande problema da
teoria empirista foi esse, pois consideravam que os alunos chegam á
escola todos iguais e ignorantes, no que se refere á escrita, e que
bastaria ensinar as letras que correspondem aos seguimentos sonoros para
que eles compreendessem o modo de funcionamento do sistema alfabético,
ou seja, a escola não permitia ao aluno conviver com a linguagem
escrita, não era realizada leitura de textos diversos gêneros e nem
criava situações para que o aluno pudesse refletir sobre como funcionava
a escrita alfabética. Não havia uma reflexão sobre as palavras. Com
isso o aluno poderia compreender que as letras registram os sons
falados, razão pela qual, para aprender, bastaria repetir em doses
homeopáticas as tarefas não reflexivas impostas pelo “método”. Sendo
assim, chegamos a conclusão que nosso sistema alfabético não tem relação
perfeita entre a letra e o som.
Ferreiro e Teberosky
(1999) destacaram-se dentre todas as hipóteses de construção externadas
pelas crianças, quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como
as crianças adquirem a linguagem de níveis de concepção da escrita. São
elas:
Níveis pré-silábico (Não
há correspondência som-grafia). A distinção básica entre desenhar (modo
de representação ligado ás características físicas e as formas dos
objetos) e escrever vai sendo construída pela criança, tanto nas
situações da escrita quando nas situações de leitura. Ela traça linhas
onduladas ou em ziguezague. Essas marcas não têm relação com o registro
sonoro da palavra e não se diferencia entre si somente a própria criança
consegue interpretá-las e o faz de modo instável.
Nível silábico- É
a descoberta da relação som-grafia. Não é mais apenas a letra inicial
que tem valor sonoro, mas a palavra toda. A escrita representa aos sons
da fala. É está ligada a linguagem enquanto pauta sonora, com
propriedades específicas, diferentes do objetivo referido. A quantidade
de letras necessárias dentro de uma palavra é levada em consideração. A
hipótese básica do nível silábico é a correspondência de cada sílaba
oral com um sinal gráfico.
Nível silábico-alfabético - A partir do momento em que as crianças a prestar atenção às propriedades sonoras
das palavras um novo tipo
de hipótese começa a ser construído. Elas passam a estabelecer
correspondência entre partes da palavra falada e partes da palavra
escrita. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro
de uma silaba oral. A criança escreve fazendo corresponder a quantidade
de sinais gráficos e de silabas da palavra falada.
Nível alfabético - Este
nível marca a final da evolução. A criança já franqueou a barreira do
código: compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a
valores sonoros menores do que a silaba e realiza sistematicamente uma
análise sonora dos fonemas nas palavras que vai escrever. Isto não quer
dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas, a partir deste
momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da
ortografia, mas terá, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido
restrito.
A psicogênese da língua
escrita possibilita não só um novo pensar sobre o ato de alfabetizar,
como também sobre o processo de construção do conhecimento do individuo,
enquanto ser pensante e critico dotadas de capacidades inatas e
adquiridas. Portanto, para aprender a escrever o aluno deverá ter muitas
oportunidades em fazê-lo, mesmo não sabendo grafar corretamente as
palavras, E quanto mais fácil será para assimilar o funcionamento da
escrita.
É necessário dar á criança
oportunidade de escrever, principalmente quando ela ainda não sabe,
pois permitirá que conforme hipóteses sobre a escrita, que pense como
ela se organiza e para que serve.
Fonte: http://www.ensinandocomcarinho.com.br/
No processo de aquisição da leitura e escrita, a criança passa por quatro fases ou níveis:
Fase Pré-Silábica
A fase pré-silábica é dividida em três níveis ou momentos:
Pictórica
A criança registra garatujas, desenhos sem figuração e, mais tarde, desenhos com figuração. Normalmente, a criança que vive em um ambiente urbano, com estimulação linguística e disponibilidade de material gráfico (papel e lápis) começa a rabiscar e experimentar símbolos muito cedo (por volta dos dois anos). Muitas vezes, ela já usa a linearidade, mostrando uma consciência sobre as características da escrita.
Grafismo Primitivo
A criança registra símbolos e pseudoletras, misturadas com letras e números. Já demonstra linearidade e utiliza o que conhece do meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos, pedaços de letras). Nesse momento, há um questionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta muito ao adulto sobre a representação que vê em sua comunidade.
Pré-Silábica Propriamente Dita
Nessa fase, a criança começa a distinguir letras de números, desenhos ou símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que as letras servem para escrever, mas não sabe como isso ocorre.
Fase Silábica
Quando a criança chega ao nível silábico, sente-se confiante porque descobre que pode escrever com lógica. Ela conta os “pedaços sonoros”, isto é, as sílabas, e coloca um símbolo (letras) para cada pedaço (sílaba). Essa noção de que cada silaba corresponde a uma letra pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
Fase Silábica Alfabética
Nesse nível, a criança está a um passo da escrita alfabética. Ao
professor cabe o trabalho de refletir com ela sobre o sistema
linguístico a partir da observação da escrita alfabética e da
reconstrução do código.
É o momento em que o valor sonoro torna-se imperioso e a criança começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba.
Quando a criança reconstrói o sistema linguístico e compreende a sua
organização, ela transpõe a porta do mundo e das coisas escritas,
conseguindo ler e expressar graficamente o que pensa ou fala.
Nesse momento, a criança escreve foneticamente (faz a relação entre som e
letra), mas não ortograficamente. O desafio agora é caminhar em direção
à convencionalidade, em direção à correção ortográfica e gramatical.
O texto abaixo está fundamentado no livro:
A Psicogênese da Língua Escrita,
de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.
ANÁLISE DA PSICOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA- EMÍLIA FERREIRO E ANA TABEROSKY
Emília Ferreiro se tornou
uma espécie de referência para o ensino brasileiro, e seu nome passou a
ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas
descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na
investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento
pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emília
Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos
mecanismos cognitivos relacionados á leitura e á escrita.
De acordo com as teorias
de Emília Ferreiro, a leitura e escrita estabelece uma relação entre a
evolução da escrita e a proposta, onde o carácter de suas investigações é
psicológico e não pedagógico. O seu enfoque é a explicação de como se
aprende a ler e escrever, e não é a criação de um método de
alfabetização, tarefa especifica do educador. No seu ponto de vista a
criança, quando chega a escola, já possui um notável conhecimento de sua
língua materna. Vive no mundo de escrita e pensa sobre o processo da
escrita. O Processo de aquisição da linguagem escrita precede e excede
os limites escolares. Portanto a evolução das concepções dos alunos
sobre a escrita trata - se da construção e não da qualidade do grafismo,
nesta fase as ideias são representadas por desenhos. Os estudos
psicogenéticos da aquisição da leitura e escrita realizada por Emília
Ferreiro desafiam ainda repensar os princípios pedagógicos e a rever as
concepções de conhecimentos ensinos e aprendizagem. Tendo assim uma
proposta de inovação na alfabetização. Esses estudos podem ajudar a
compreender melhor os níveis do conhecimento da escrita e leitura do
sujeito não escolarizado, ou não alfabetizados e ampliar os recursos
metodológicos que os ajudem a avançar no processo de construção do
sistema escrito, superando os conflitos cognitivos próprios das
hipóteses criadas em cada um desses níveis. O conhecimento que o sujeito
tem da leitura e da escrita não equivale ao conhecimento convencional,
pois possuem hipóteses originais não ensinadas pelos adultos ou
professores. O sujeito procura ativamente compreender a natureza da
escrita á sua volta e também aprende através de suas ações afetivas e
mentais sobre o sujeito escrita, ou seja, o aluno evolui construindo e
reformando suas hipóteses.
A autora afirma que a
aprendizagem não é um processo meramente perceptivo, mas construtivo, e
aprender não é apenas adquirir hábitos, é transformar o que vai
conhecer. E que o aluno tem a sua maneira própria de aprender, como
também constrói o seu próprio conhecimento. E é na escola que frequenta
normalmente que as crianças passam pelos estágios propostos por Emília
Ferreiro, é nesse período que a criança começa estabelecer vinculações
entre a pronuncia e a escrita, o que representa um passo extremamente
significativo no processo de alfabetização. Porém, essa vinculação é de
imediato adequado. Ela passa por etapas que constituem os níveis
silábicos e alfabéticos, até alcançar o ortográfico, isto é, quando a
criança compreende que as diferenças das representações escritas se
relacionam com as diferenças na parte sonora das palavras que
permanecem, a questão de descobrir que espécies de recorte da palavra
pronunciada são o que correspondem aos elementos da palavra escrita. A
escrita na representação baseia-se em uma construção mental que cria
suas próprias regras, escrever não é transformar o que se ouve em
gráficos, assim como ler não equivale a produzir com a boca o que o olho
reconhece visualmente, segundo Emília Ferreiro; o sistema de escrita
tem uma estrutura lógica, no caso do sistema alfabético a criança deve
compreender entre outras coisas. A escrita (grafema) e o som pronunciado
(fonema) que não a nenhuma relação entre a forma da palavra escrita e
as características físicas do elemento da realidade nomeada por ela, que
palavras com o mesmo significado não são escritas da mesma forma, que
elementos essenciais da oralidade, como a entonação, não são registrados
na escrita. Esse conjunto de relação não é simplesmente aprendido pela
criança, mas construindo é reinventando por ela.
Nas relações que mantém
com a escrita no ambiente que vive, a criança elabora e testa hipótese a
cerca da lógica do seu funcionamento. Ela assimila a escrita
interpretando-a de acordo com os conhecimentos e modos de pensar que já
desenvolveu e organizou no decorrer de sua experiência de vida,
produzindo, escritas e leituras não compatíveis com a escrita
convencional.
A criança não faz uma
diferenciação entre o sistema de representação do desenho (pictográfico)
e o sistema de representação escrita (alfabética) supondo que embora as
formas insignificantes sejam diferentes, o significado de ambos é o
mesmo, a primeira indicação explicita da distinção entre imagem e texto,
consiste em eliminar os artigos, quando se faz referência á imagem
(desenho).
Exemplificando: o elefante
deve escrever com mais letras do que um mosquito, é uma concepção
realística da palavra, ou seja, a de que coisas grandes tem nomes
grandes e coisas pequenas tem nomes pequenos, também o seu pensamento
pode evoluir quando suas escritas não são decodificadas como o esperado
por pessoas que sabem ler. No qual o sistema da escrita é uma construção
social e histórica. Por isso o sistema de codificação esta ultrapassada
já que existem sons, por exemplo, que jamais serão escritas; assim como
há letras que jamais serão pronunciadas.
Para as autoras, todas as
crianças independentes de sua nacionalidade, passam em seu processo de
construção da escrita pelas mesmas etapas que o homem passou quando
“descobriu” a escrita. De uma forma geral, refazem a mesma trajetória
que a humanidade percorreu no surgimento da escrita, ou seja, passam
pela fase correspondente á escrita pictográfica (forma mais antiga,
usada pelo homem para representar só os objetos que podiam ser desenhado
), á escrita Ideográfica ( consistia no uso de um sinal ou marca para
representar uma palavra ou conceito ) e escrita Logográfica (
constituída de desenhos, referente ao nome e dos objetos- som- e não ao
objeto em si).
Segundo FERREIRO (2001a), a
psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, pois propõe que
seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita,
uma vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para o um adulto
alfabetizado por método apresentado das partes para o todo, assim não
são para as crianças. Portanto, essa é a única forma para o adulto e
mais especialmente, o professor possa compreender como ocorre o processo
de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude de as
posturas tradicionais de ensino, gerando práticas de alfabetização
democrática. É de suma importância a mudança nessa concepção sobre a
escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho
conceitual.
A escrita foi transformada
pela escola de objeto social em objeto escolar, pois se considera
proprietária desse objeto de grande importância social. Com isso, a
escrita foi reduzida a um instrumento para evoluir na escola, para
passar de ano. Essa posição precisa ser repensada, pois a escrita só é
importante na escola por ser fora dela. Sendo que no passado os
educadores achavam que só aprendia a ler memorizando letras, sons e
palavras tornando a aprendizagem da escrita como algo perceptivelmente
mecânico. A escrita era percebida como transcrição gráfica da linguagem
oral (codificação), e enquanto que a leitura, como associação de
respostas sonoras a estímulos gráficos, transformação da escrita em som
(decodificação).
O grande problema da
teoria empirista foi esse, pois consideravam que os alunos chegam á
escola todos iguais e ignorantes, no que se refere á escrita, e que
bastaria ensinar as letras que correspondem aos seguimentos sonoros para
que eles compreendessem o modo de funcionamento do sistema alfabético,
ou seja, a escola não permitia ao aluno conviver com a linguagem
escrita, não era realizada leitura de textos diversos gêneros e nem
criava situações para que o aluno pudesse refletir sobre como funcionava
a escrita alfabética. Não havia uma reflexão sobre as palavras. Com
isso o aluno poderia compreender que as letras registram os sons
falados, razão pela qual, para aprender, bastaria repetir em doses
homeopáticas as tarefas não reflexivas impostas pelo “método”. Sendo
assim, chegamos a conclusão que nosso sistema alfabético não tem relação
perfeita entre a letra e o som.
Ferreiro e Teberosky
(1999) destacaram-se dentre todas as hipóteses de construção externadas
pelas crianças, quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como
as crianças adquirem a linguagem de níveis de concepção da escrita. São
elas:
Níveis pré-silábico (Não
há correspondência som-grafia). A distinção básica entre desenhar (modo
de representação ligado ás características físicas e as formas dos
objetos) e escrever vai sendo construída pela criança, tanto nas
situações da escrita quando nas situações de leitura. Ela traça linhas
onduladas ou em ziguezague. Essas marcas não têm relação com o registro
sonoro da palavra e não se diferencia entre si somente a própria criança
consegue interpretá-las e o faz de modo instável.
Nível silábico- É
a descoberta da relação som-grafia. Não é mais apenas a letra inicial
que tem valor sonoro, mas a palavra toda. A escrita representa aos sons
da fala. É está ligada a linguagem enquanto pauta sonora, com
propriedades específicas, diferentes do objetivo referido. A quantidade
de letras necessárias dentro de uma palavra é levada em consideração. A
hipótese básica do nível silábico é a correspondência de cada sílaba
oral com um sinal gráfico.
Nível silábico-alfabético - A partir do momento em que as crianças a prestar atenção às propriedades sonoras
das palavras um novo tipo
de hipótese começa a ser construído. Elas passam a estabelecer
correspondência entre partes da palavra falada e partes da palavra
escrita. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro
de uma silaba oral. A criança escreve fazendo corresponder a quantidade
de sinais gráficos e de silabas da palavra falada.
Nível alfabético - Este
nível marca a final da evolução. A criança já franqueou a barreira do
código: compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a
valores sonoros menores do que a silaba e realiza sistematicamente uma
análise sonora dos fonemas nas palavras que vai escrever. Isto não quer
dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas, a partir deste
momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da
ortografia, mas terá, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido
restrito.
A psicogênese da língua
escrita possibilita não só um novo pensar sobre o ato de alfabetizar,
como também sobre o processo de construção do conhecimento do individuo,
enquanto ser pensante e critico dotadas de capacidades inatas e
adquiridas. Portanto, para aprender a escrever o aluno deverá ter muitas
oportunidades em fazê-lo, mesmo não sabendo grafar corretamente as
palavras, E quanto mais fácil será para assimilar o funcionamento da
escrita.
É necessário dar á criança
oportunidade de escrever, principalmente quando ela ainda não sabe,
pois permitirá que conforme hipóteses sobre a escrita, que pense como
ela se organiza e para que serve.
Fonte: http://www.ensinandocomcarinho.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário